Qualquer amizade tem o seu valor, mas a intergeracional tem a particularidade de cruzar emoções com histórias do passado. A ciência garante que a convivência e os laços construídos dos “8 aos 80” tem um exponencial de benefícios para os idosos que resultam numa melhoria da qualidade de vida.
Segundo um estudo social norte americano, publicado pela American Seniors Housing Association (ASHA), a amizade intergeracional pode transformar a vida dos idosos, ajudando a combater o isolamento, promover a autoestima, estimular a atividade física e mental, e construir pontes de aprendizagem entre pessoas de diferentes fases da vida.
Tanto para o seu familiar idoso como para o seu familiar com necessidade de apoio domiciliário, a solidão e o isolamento podem ser condições que originam um declínio da saúde física e mental. Em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, mais de 40% das pessoas com mais de 65 anos vivem sozinhas, e muitas admitem sentimentos de solidão.
As amizades com os jovens proporcionam companhia, mas também um reforço positivo do valor do idoso, que passa a sentir-se útil, ouvido e valorizado. Ao atuar como mentores ou conselheiros, os idosos reforçam o seu papel na sociedade, o que se traduz numa vida mais ativa.
Conhecimento e empatia na amizade
Uma ligação intergeracional também permite trocas ricas de saberes e novas histórias: os jovens beneficiam da experiência e sabedoria dos mais velhos, enquanto os idosos aprendem a lidar com novas ferramentas, atualizam o seu retrato da sociedade e da informação, ou relembram até a energia da juventude.
A investigadora portuguesa Ana Jorge, do Instituto de Comunicação da NOVA, destaca que “a relação intergeracional contribui para o desenvolvimento da empatia, quebra de estereótipos etários e reforça o tecido social”, salientando a importância destes vínculos para “sociedades mais coesas”.
Programas intergeracionais em Portugal e no mundo
Nos EUA, muitos lares de idosos implementam programas intergeracionais estruturados, em colaboração com escolas, creches e associações locais. Em Portugal, projetos como o “Avós e Netos do Bairro”, promovido pela Junta de Freguesia de Marvila (Lisboa), e o programa “Gerações Cruzadas”, da Câmara Municipal de Braga, têm promovido o encontro entre crianças e idosos através de atividades como a leitura, a jardinagem, as artes plásticas ou a culinária.
A nível académico, o estudo europeu TOY – Together Old and Young, demonstrou que a aprendizagem intergeracional melhora as competências sociais e a inteligência emocional, elimina preconceitos e incentiva à solidariedade entre pessoas com elevada diferença de idades.
Um futuro de interligação sem escolher idades
Com o envelhecimento da população, iniciativas que promovam o encontro entre gerações são cada vez mais relevantes. Para além dos ganhos individuais, estas relações contribuem para uma sociedade mais inclusiva. Num momento em que a solidão é apontada como “a nova epidemia do século XXI” pela Organização Mundial de Saúde, as amizades intergeracionais podem mesmo ser uma “receita de saúde”.
A amizade não tem idade, e quando são construídas pontes entre diferentes gerações, os benefícios são muitos: compreensão, partilha, vitalidade e humanidade. Seja através de programas institucionais ou de gestos espontâneos, cultivar amizades intergeracionais é investir num envelhecimento mais feliz, digno e conectado.
As amizades recordam-nos que a sabedoria de ontem pode iluminar os caminhos de amanhã, e que ninguém deve envelhecer sozinho.
📞 Peça um contacto personalizado hoje mesmo!
Veja Também: https://caring.pt/envelhecimento-ativo-apoio-domiciliario/